terça-feira, 10 de junho de 2008

INTERPRETAÇÃO DO FENÔMENO DA SOCIABILIDADE

A DIMENSÃO POLÍTICA E SOCIAL DO HOMEM:
INTERPRETAÇÃO DO FENÔMENO DA SOCIABILIDADE


Na filosofia antiga temos duas concepções da dimensão sócio-político do homem. Platão coloca esta dimensão como contingente, já que o homem para ele é essencialmente alma.
Para Aristóteles a dimensão sócio-político era essencial, haja vista, que o homem para ele é corpo e alma, e esta constituição o liga aos vínculos sociais. Tendo o homem como fim último a felicidade que só se realiza coletivamente, o próprio estado tem a função de ajudar a cumprir esta meta.
Com o cristianismo há uma mudança profunda na concepção da sociabilidade do homem, ultrapassando o campo natural e se estendendo ao sobrenatural. A primeira fundada sobre a razão e a segunda sobre a graça.
Na filosofia medieval temos dois grandes nomes que refletem acerca da sociabilidade: Agostinho e Tomas de Aquino. Um mergulhando na filosofia platônica, outro bebendo da filosofia aristotélica.
Agostinho nos apresenta a cidade de Deus e a cidade dos homens para tornar claros os dois tipos de sociabilidade, ambos fundados no amor, porém, um é fundado no amor egoísta e o outro no amor doação.
Um é capaz de doar sua vida, o outro capaz de matar, gerando violência, exploração e todo tipo de desumanização, enquanto que no outro temos a comunhão, a fraternidade e a justiça como fundamento.
A influência aristotélica fez Aquino afirmar que o homem naturalmente social possibilita por esta característica o surgimento da sociedade política. E é só na sociedade e no estado que o homem pode ser feliz.
Quer a sociedade, quer o Estado devem canalizar todas suas forças para que o homem se realize, pois, eles estão à serviço do bem comum.
Em Tomas, também, encontramos a relação entre Estado e Igreja. Uma tendo como finalidade o bem comum e a outra a salvação das almas. Ambas com campos de atuações independentes, no entanto, o Estado tinha uma subordinação indireta em relação a Igreja, devido esta está ligada ao plano espiritual.
Na filosofia moderna reaparece a concepção platônica acerca da sociabilidade e esta passa a ser novamente um “fenômeno secundário”. Os principais nomes dessa fase são: Espinosa, Hobbes, Locke, Leibnits, Vico, e Rosseau. “Todos esses autores colocaram clara distinção entre o estado natural da humanidade e o estado civil”.
No estado natural o homem é auto-suficiente, só criando o segundo através de um “contrato social” para que a auto-suficiência não os levasse a barbárie.
Vislumbra-se com isso que o indivíduo está acima da sociedade, dando margem para a justificação do sistema capitalista que coloca a “iniciativa privada” como base da economia.
Na modernidade Karl Marx vê que a sociabilidade não é apenas uma característica do homem, mas o que ele tem de fundamental. Para ele é inimaginável o homem fora da sociedade.
Marx pensa o homem como ser genérico, isto é, um indivíduo que para existir necessita da sociedade, devendo trabalhar para esta, freando todos seus instintos egoístas e individualistas.
Conte segue a mesma linha, dando supremacia, a sociedade sobre o indivíduo. Vendo somente este como ser social excluindo diversas dimensões do homem entre elas sua personalidade individual.
Em Marx e Conte não é mais a sociedade para o indivíduo, mas o indivíduo para a sociedade.
Durkhein vem fortalecer o posicionamento de Marx e Conte de “subordinar o indivíduo ao fenômeno social”. Para ele a conduta humana era ditada pela sociedade, a consciência individual é a manifestação da consciência coletiva. Lévy-Bruhl segue a mesma linha no que concerne a ética.
Contra esse pensamento opôs-se filósofos e sociólogos entre os primeiros Nietzsche, Heidegger, Sartre que acabaram caminhando para o outro extremo, o individualismo, excluindo, assim, a dimensão social do homem.
Numa posição mais equilibrada encontra-se Maritaim. “Ele estuda a dimensão social do homem à luz dos conceitos de indivíduo e pessoa”. Quanto indivíduo fecha-se em si, porém, enquanto pessoa é capaz de doar-se e receber o outro como dom.
Do lado dos sociólogos temos Pitirin Sorokin que se opuseram as “transposições de termos e formulas” das ciências naturais para a sociologia e as outras ciências humanas. Já que se tratando de pessoas não se pode encontrar a exatidão das ciências exatas.
Sorokin criou uma teoria do conhecimento. Tendo três níveis que devem ser harmônicos e obedecer à hierarquia: conhecimento empírico, conhecimento racional e o conhecimento intuitivo de onde provêm as construções mais elevadas do homem, a arte, a moral e a religião.

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